Você já ouviu falar na crise da meia-idade?
Esses dias, assistindo a vídeos no YouTube, me deparei com um que falava sobre a crise da meia-idade, que ela vem por volta ali dos 35 a 40 anos, e passamos a nos questionar nossa caminhada, até pensar que estamos estagnados e começamos a querer fazer mudanças nos nossos propósitos de vida. E esse vídeo bateu tão forte, porque eu lembrei exatamente da sensação que tive quando decidi fazer a transição de carreira e largar tudo para trás e viver essa aventura em outro estado. Ainda não contei sobre isso aqui, mas sim, eu larguei meu trabalho, o lugar onde eu morava e fui com as malas, duas gatas e um sonho no meu coração: transitar de carreira. E confesso sinceramente que, na época, não havia ouvido falar sobre essa crise da meia-idade, cujos sintomas são:
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Sensação de estagnação ou perda de propósito
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Reavaliação de carreira, relacionamentos ou estilo de vida
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Mudanças físicas visíveis (como rugas, cabelos brancos, alterações de peso)
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Diminuição da tolerância a certas pressões externas
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Desejo de mudar ou recomeçar algo
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Questionamentos existenciais mais profundos
Eu poderia dizer que gabaritei essas sensações. Foi uma mudança que aconteceu gradativamente, e quando vi, não queria mais andar com algumas pessoas que eu andava, alguns parentes não faziam mais nenhum sentido pra mim manter amizade. Comecei uma mudança nos hábitos, principalmente em rever as saídas com bebidas envolvidas. Decidi parar de beber álcool. A tolerância então, nem se fala, é o que menos tenho com algumas atitudes. Os questionamentos foram profundos, a ponto de, em um momento em que eu estava morando no Mato Grosso, me perguntar: estou mudando ou estou querendo tanto arrumar um trabalho na área que estou estudando porque eu quero ou porque quero mostrar algo para os meus pais?
Tive uma catarse, uma surtada mesmo, ao ponto de, em uma época, fazer o que eu tinha vontade — inclusive ir a lugares que eu via que não faziam mais sentido para mim.
E agora, recentemente, ao ver esse vídeo no YouTube, a ficha caiu. Foi aí que comecei a fazer algumas pesquisas, e muitas coisas se encaixaram e fizeram muito sentido para mim. Porque, apesar de estar feliz pela escolha que fiz, de me sentir bem, sempre me questiono: será que fiz algo que realmente foi bom pra mim?
E muitas vezes sinto o peso da mudança, pelo fato de ter mudado totalmente a minha vida financeira. Hoje eu não consigo mais fazer muitas das coisas que fazia antes, por conta dessa queda financeira. Como eu já estava acostumada com um padrão de vida, e ele decaiu, sempre me questionava: será que é isso mesmo?
Não sei vocês, mas ando numa fase em que sempre me questiono sobre se é isso mesmo. É como se eu estivesse reaprendendo muitas coisas na minha vida, e como se tudo que eu estivesse fazendo fosse algo totalmente novo. Sempre me coloco perguntas, e sempre penso como Sócrates: “só sei que nada sei”. E às vezes vejo as pessoas que têm tanta certeza de tanta coisa... Eu olho pra mim e penso: caraca, eu já fui essa pessoa que tinha certeza e, na verdade, eu não sabia nada. Eu só estava com o ego inflado e aquela vergonha de dizer: “isso eu não sei, poderia me explicar, por favor?”
E esse limbo de achar que você tem certeza de algo — por mais que você realmente tenha experiência — é algo bem perigoso, eu diria. Porque algumas coisas mudam, e as tratativas também vão mudando. A forma como o ser humano resolve determinadas coisas. A tecnologia, por exemplo, é algo que tem mudado tanto… Imagina se a gente achar que é expert em um assunto e amanhã tudo mudar, e simplesmente não sabemos mais praticamente nada?
Eu sei que parece um pensamento meio abstrato — e realmente é — porque esta sendo uma escrita sem um ponto inicial e final. Eu decidi escrever como me sinto em relação a essa tal da meia-idade, para saber: você já passou por isso e já se sentiu assim?
Muitas vezes eu rejeito convites, porque sinto que aquele espaço não é algo que me impressiona como antes. Prefiro não gastar minha energia e meu tempo com pessoas que não agregam, principalmente com pessoas que, em algum momento, me demonstraram valores — ou a falta deles. Essa coisa de não combinar com os meus valores… Eu não faço questão de estar junto e, na maioria das vezes, faço questão de estar beeeem longe!
Coisa que antes, pra mim, era oba-oba, festa, “quero!”. Hoje não faz mais nenhum sentido.
E aquela coisa de estar com pessoas que não reconhecem meu valor também não faz mais nenhum sentido. Se a pessoa não é, no mínimo, grata pela minha amizade, também é algo que não faço questão de ter à minha volta. Os amigos se reduziram, os grupos no WhatsApp são, em sua maioria, de trabalho. A recreação se torna algo que eu quero realmente aproveitar — o momento e o bem-estar.
É uma fase em que você começa a valorizar cada momento da sua vida como se fosse o último, mas com imensa responsabilidade.
O mais interessante disso tudo é o realinhamento que você começa a querer fazer na sua vida: realinhamento de amizades, de rotas e projetos com propósito. A gente cria um novo ritmo de vida e não deixa que ninguém chegue querendo mudar isso, porque a vida é tão preciosa que a defendemos a sete chaves. Passamos a ver como extremamente prioritário cuidar da saúde física e da autoestima.
Muita gente fala sobre a "crise da meia-idade", mas talvez a palavra mais justa seja renascimento. Esse é o momento em que queremos aproveitar intensamente — não tudo, mas o que realmente faz sentido ao nosso propósito de vida. Por muitas vezes, eu temi a velhice. Mas vejo que ela também tem seu lado bom, como tudo na vida. E é nesse momento que precisamos fazer as pazes com a nossa história e deixar que esse lado novo seja verdadeiro, mais maduro e mais nosso.
me conte nos comentários sobre a sua experiência e se esse texto de algum modo ressoou com você...
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