Cheguei com pressa de viver
Voltei de Santo Hilário com a cabeça fervendo. Era como se uma voz dentro de mim dissesse:
“Esse ano vai ser diferente.”
E não era só vontade. Era necessidade.
Fazia um ano e meio que eu buscava um estágio — e nada. A faculdade seguia, os boletos também. E o tempo? Corria como sempre.
Resolvi que não ia mais esperar sentada. Quando cheguei em SP, fui pra rua: falei com amigos, bati em novas portas, mandei mais currículos, me inscrevi em um curso gratuito de costura (sim, costura!).
Costura? Por quê não?
Muita gente poderia pensar: “o que costura tem a ver com comunicação?”
Mas eu só pensava em pagar as contas. Se precisasse consertar roupa em casa pra levantar uma graninha, que fosse.
A real é que eu já estava tão pressionada que cogitei trancar a faculdade. E isso doeu. Muito.
Não era o que eu queria, mas era o que parecia necessário.
Fui pra entrevista (e saí contratada no mesmo dia)
No mesmo dia que me inscrevi no curso de costura, me candidatei a uma vaga CLT na minha cidade.
Era de segunda a sexta, com comissão. Não era dos sonhos, mas era o que tinha.
Fui pra entrevista numa segunda de manhã. À tarde, já tinham me ligado: “Pode começar amanhã.”
Foi tudo tão rápido que nem deu tempo de pensar. Mas naquele momento, eu só precisava disso: uma chance de respirar.
Mas nem tudo que é rápido encaixa
Comecei a trabalhar na imobiliária. Ambiente de escritório, tudo certinho.
Mas, com o tempo, comecei a sentir: não era pra mim.
Sabe quando você entra num lugar e parece que sua alma ficou na porta?
Continuei, claro. Porque a conta de luz não espera a gente se encontrar espiritualmente.
Um e-mail esquecido (e uma esperança tímida)
Na semana que inciei o trabalho, abri minha caixa de entrada e vi um e-mail:
Convite pra uma entrevista de estágio :O
Era pra quarta-feira. E eu vi o e-mail… na própria quarta.
Respondi assim mesmo, porque o NÃO eu já tinha, com toda sinceridade:
“Desculpa, minha semana foi corrida, ainda posso participar do processo seletivo?”
E a resposta veio: SIM!
Fiz a entrevista, mas sem ilusões. Já tava cansada de criar expectativa.
Hora de escolher a mim
Mesmo sem saber o que viria da entrevista, eu decidi sair do CLT, após ficar apenas 15 dias.
Eu fiquei doente, cansada demais, por estar trabalhando em 2 empregos, estilo Julios.
Fiquei só com o freela e esperei. Janeiro nem tinha acabado, e minha cabeça já parecia ter vivido três anos.
A faculdade ainda estava em recesso, o curso de costura começou, e eu senti um certo alívio e sensação de dever cumprido.
Quando a gente solta, a vida entrega
Veio a segunda entrevista. E após a segunda entrevista, mais um e-mail: conversa com a gestora da área.
Era pra atuar em comunicação dentro de uma multinacional.
Meu primeiro pensamento? “Imagina, vão escolher alguém melhor.”
Mas mesmo sem acreditar, eu participei. Só por participar. Só pra não me trair.
Enquanto isso, eu seguia no curso, no freela, com a rotina em dia. Mas tinha aprendido a entregar.
O quebra-cabeça se montando
No meio da bagunça, sem grandes expectativas, as peças começaram a se encaixar.
Aquela vaga que parecia perdida virou possibilidade.
Aquela decisão de sair do CLT virou espaço pra algo melhor chegar.
Aquela dor de quase trancar a faculdade virou combustível.
E eu entendi que nem sempre a gente precisa ter tudo sob controle.
Às vezes, só precisa seguir em frente, mesmo sem mapa.
No fim das contas...
Essa história ainda está acontecendo. Eu ainda estou vivendo ela.
Mas se tem algo que aprendi, é que:
A vida não pede perfeição. Ela só pede que você continue.
Mesmo cansada. Mesmo sem saber como vai ser.
Se você está nesse momento de incerteza, respira. Vai no seu tempo. E não tenha medo de mudar de rota. Às vezes, costurar caminhos novos é o que salva a gente de desistir.
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